Creio já ter postado esses versos. Mas faz frio, São Paulo parece calada e estou aqui procurando alguns arquivos em meu micro. Ao menos um achei pertinente. Deixo abaixo:
CRUZAMENTO
O sinal vermelho fecha o cruzamento.
Ele brilha como se fosse uma sirene.
Serão 30 segundos de trabalho.
De dentro dos carros, verão um menino
bailarino,
sob a luz dos faróis.
Com as mãos levanta a blusa
e gira o corpo
em torno do próprio eixo.
A cintura nua mostra a pele negra
de quem tem 10 primaveras
e não carrega armas.
Ele apenas segura alguns limões
que tenta jogar aos céus.
Mas tem medo, lhe falta equilíbrio.
Arremessa um de cada vez, sem jeito.
Arrancaria risos, se não fosse noite, se não estivesse escuro.
Curva o corpo e se despede antes da luz verde.
Os falsos malabarismos rendem poucas moedas,
mas elas parecem bastar.
O espetáculo de toda uma noite
pode render um sono tranqüilo
ou uma longa viagem.
Vida louca
Nestas esquinas, o equilíbrio paulistano
parece ainda mais aparente.