Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios – Marçal Aquino

Gostei da ideia de ler a obra em um mergulho cego, guiado apenas pelo título. Foi o primeiro que li de Marçal Aquino, por indicação de uma colega de trabalho. Um livro ágil, com 229 páginas que passam rápido e são extremamente agradáveis. Lançado em outubro de 2005, está na 5ª reimpressão.

Se você quer manter a surpresa preservada, pare a leitura do post aqui. Muito menos leia a sinopse da editora abaixo. Se já leu a obra, vamos adiante. O autor diz que está mais para as narrativas de ação do que as de cunho psicológico, o que fica nítido no encadeamento de fatos que dão ritmo à história do fotógrafo Cauby. Por isso, são muitas as paisagens são externas, embora existam as caracterizações psicológicas e tudo o mais necessário para dar força aos personagens.

Vários trechos e recursos do livro me agradaram bastante. Há boas sacadas e em alguns momentos ele me lembrou, bem de passagem, Moacyr Scliar. Tive apenas um certo desencontro com o narrador no texto quando ele contou a história do Pastor Ernani e como ele conheceu Lavínia. Não sou evangélico e para mim é indiferente a forma como os pentecostais são restratados na ficção. Mas, não gostei de algumas passagens naquele trecho. Apesar disso, essa passagem do escritor pela infância de Lavínia e pela carreira do pastor não comprometem o livro.

Vou reler daqui um tempo para ver se minha opinião permanece a mesma ou se eu sofria apenas da vontade de voltar ao núcleo central da história e descobrir o destino do amor de Cauby por Lavínia. Quem preferir, pode aguardar o filme de Beto Brant, que terá Camila Pitanga no papel da personagem.

Sinopse da editora
o momento em que começa a narrar os fatos de Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, o fotógrafo Cauby está convalescendo de um trauma numa pensão barata, numa cidade do Pará prestes a ser palco de uma nova corrida do ouro. Sua voz é impregnada da experiência de quem aprendeu todas as regras de sobrevivência no submundo – mas não é do ambiente hostil ao seu redor que ele está falando. O motivo de sua descida ao inferno é Lavínia, a misteriosa e sedutora mulher de Ernani, um pastor evangélico.

A trajetória do fotógrafo, dado a premonições e a um humor desencantado, vai sendo explicada por meio de pistas: a história de Chang, fotógrafo morto num escândalo de pedofilia; o mistério de Viktor Laurence, jornalista local que prepara uma vingança silenciosa; a vida de Ernani, que tirou Lavínia das ruas e das drogas no passado. Mesmo diante de todos os riscos, Cauby decide cumprir seu destino com o fatalismo dos personagens trágicos. “Nunca acreditei no diabo”, diz ele. “Apenas em pessoas seduzidas pelo mal.”

O autor
Nasceu em Amparo, no interior paulista, em 1958. Publicou, entre outros livros, O amor e outros objetos pontiagudos, Faroestes e Cabeça a prêmio. Foi o roteirista dos filmes Os matadores, Ação entre amigos, O invasor, Nina e Crime delicado.

Saiba mais:
Página do livro no site da Companhia
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11927
Vídeo: Entrevista de Marçal sobre o livro na TV Estadão:
http://tv.estadao.com.br/videos,leituras-sabaticas-com-marcal-aquino,133249,253,0.htm
Texto: Estadão – entrevista: ‘No juízo final, entro na fila dos escritores’
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100726/not_imp585986,0.php

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