Seu pulmão inala fumaça de 7 milhões de carros

Onde está escondida a região do Parque Ibirapuera?

“Entre a saúde pública e os automóveis, é de esperar que o prefeito Gilberto Kassab não hesite em escolher a primeira se for preciso enfrentar um estado de emergência.”  Editoral da FSP 29 ag 2010

Tenho dores de cabeça desde quarta-feira, quando a poluição paulistana ficou ainda mais evidente com o agravamento da baixa umidade do ar.  Agora, com janela aberta neste começo de tarde de domingo, vejo a fumaça e continuo com a mesma dor:  chata, constante e zombeteira.

Evitei reclamar demais nesses dias de poluição extrema. Todos sabem que sou pró-ciclista e me angustio por ter um dia comprado um carro extremamente poluente que está parado na garagem há meses.  Não quero ter minha militância confundida com o samba de uma nota só da Marina, mas temos pontos em comum. A fama de ecochato só faz o discurso não ser ouvido quando temos realmente algo a dizer…

Segundo o Detran, em julho, a capital paulista tinha 6,8 milhões de carros licenciados (link Detran). Se mantida o ritmo de crescimento do primeiro semestre, fecharemos o ano com 7 milhões de carros nas ruas. Talvez esse número não seja alcançado, já que o crescimento da frota no primeiro semestre foi influenciado por políticas de incentivos fiscais. Mas, isso é apenas talvez…

Atualmente, uso transporte público: Metrô e ônibus. Em alguns momentos, eles são bastante desconfortáveis. Em outros, consigo até ler e ser feliz. Nesta semana o Metrô estava absurdamente cheio já por volta das 17h. Desisti e usei ônibus, também nada agradável. Minha semana foi péssima, à noite em casa não consegui manter o ritmo de leitura, não escrevi e muito menos tive ânimos para fazer algum exercício físico. Estou torcendo pela chuva, urgentemente.

O editoral da FSP deste domingo questionou a falta de vontade política de Kassab, que nenhuma medida tomou diante da fumaça que as fotos mostraram sem dificuldade. Medo do desgaste político? Pode ser, é provável.  O certo é que há linhas técnicas embutidas nestes estados de alerta, atenção e emergência que são as mesmas que nos fazem ter que ouvir que há limites aceitáveis para a expansão do uso dos carros em São Paulo.

Enquanto os técnicos apostam na expansão da Marginal Tietê e Barbara Gancia defende em coluna que as bicicletas não devem ser usadas em São Paulo, eu vou seguindo aqui com minha dor de cabeça.  E sou pessimista: ela vai piorar e os paulistanos seguirão em seus carros preferindo o conforto do congestionamento ao desconforto da busca por mudanças.

Bom mesmo seria se nem precisássemos de um estado de emergência, mas nem ele é garantia de alguma ação contra a verdadeira causa da poluição que nos mata um pouco a cada dia.

Lins relacionados:
Rodízio completa 15 anos com efeito quase nulo sobre ar de São Paulo – FOLHA.COM
Cicloativíssima – Barba Gancia (Colunista critica uso das bicicletas em SP)
Outras Vias (blog do Daniel Santini)

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